Publicado em: 13/10/2022

Pitros não se prende quando o assunto é a música. A cada nova produção, vemos que sua criatividade é infinita e que se manter dentro de uma caixa, definitivamente não é para ele. O artista é um dos nomes em ascensão do Tech House, sendo um dos pioneiros do gênero na região de São João del-Rei, interior de Minas Gerais, levantando essa bandeira e desenvolvendo uma cena eletrônica mais sólida por lá. 

E para isso, o DJ e produtor investe pesado no cenário mineiro. Um dos principais da região, ele sempre está trabalhando em algo novo para que o Dance Music esteja se movimentando por lá. Além de claro, desenvolver potentes lançamentos musicais, que conquistam públicos não só regionalmente, mas que fortalecem sua imagem a nível internacional. 

Sets ecléticos, dançantes e um groove inesquecível compõem sua identidade artística, que é cheia de personalidade. Pitros é um artista que bebe de diferentes fontes para criar sua sonoridade, apresentando influências de rock, reggae e funk, mas sempre dosadas de forma inteligente e única. E essa capacidade de se reinventar surpreende sempre que uma nova track surge, como a mais recente "Que maravilha", que mistura MPB em uma produção carregada de Tech House. 




Conversamos com Pitros sobre seu processo de produção, influências e carreira, além dos próximos passos desse jovem talento. Confira: 


About DJs: Oi, Pitros! Obrigada por topar conversar com a gente. São quase sete anos de carreira na música eletrônica e você já é um nome consolidado no Tech House mineiro, mas vamos voltar lá para o início. Como surgiu o seu interesse pelo Dance Music e o que te influenciou a dar os primeiros passos como DJ? 


Pitros: O interesse pela dance music surgiu por volta de 2014 quando tive contato mais próximo com a EDM e fui em um primeiro festival. Na época fiquei vidrado no show do Dirtyloud que era uma dupla de Eletro house, e eram de BH. Achei muito irado pois eles fechavam um evento enorme na cidade natal deles e pra mim foram os melhores da noite, vendo aquilo tudo ali já pensei, pô quero ser isso. No ano de 2015 estava no terceiro ano do colégio, daí resolvemos começar a organizar festas para gerar fundos para formatura, eu tava na comissão e daí pensei , tô organizando a festa vou me colocar pra tocar azar kkkkkk. Tive uns 2 meses para preparar um set com o Fiche que foi o amigo que animou entrar nessa aventura de tocar nesse role, e daí a galera gostou tanto que surgiu uma dupla "Fiche & Pitros". Posteriormente nos separamos pois ele mudou de cidade e já estávamos tendo um determinado conflito sobre qual linha de som seguir, daí comecei em carreira solo como DJ set regional, e na pandemia, afastado dos eventos, comecei a produzir.


About DJs: A gente sabe que você é do interior de Minas Gerais, da cidade de São João del-Rei, considerada pequena, com pouco mais de 90 mil habitantes. Como era a cena eletrônica quando você começou por lá? Tiveram muitas dificuldades para movimentar o público ou já tinha muitos fãs de House? E como você analisa o cenário hoje na sua região? 


Pitros: Aqui pelo que me recordo tinha uma cena mais consolidada de RAVE High Bpm. Já tinham alguns artistas de house, porém era sempre em começo ou final de rave. Tinha muita dificuldade para entrar nesse cenário, pois era sempre a condição de fazer o warmup da festa. A partir disso tive a ideia de realizar o evento para que eu pudesse tocar para algum público, começamos fazendo uma festa com gêneros misturados que ia do comercial até o high bpm e depois aos poucos ao longo de 5 anos produzindo eventos fomos moldando o nosso público. Em 2018 eu era sócio de duas Labels, uma de Brbass comercial onde eu sempre fechava o evento tentando aplicar um som diferente, e uma label que já era 100% underground.  

Hoje o cenário enfrenta muitas barreiras, dificuldade econômica e física da cidade para realizar eventos maiores principalmente de eletrônico que acho que por ausência das pistas houve uma queda na demanda aqui, o que somado ao meu foco 100% na carreira do Pitros me levou a parar de realizar eventos . Porém ainda temos um público com ótimo bom gosto, e temos novos labels que tem feito um excelente trabalho e dando voz a house underground. Hoje tenho a oportunidade de focar na minha música e performance e tocar em outros eventos lindos sem precisar realizar o meu próprio. E fico muito feliz de ver pessoas que frequentaram e tocaram nos meus eventos agora produzindo os deles. Sempre que possível busco ser a pessoa que faltou pra mim quando eu estava começando, então tá muito no meu lema frequentar essas novas labels da cidade, fortalecer como puder e também tocar e ouvir música dos novos artistas.


About DJs: O seu background musical é bem rico, com influências de diferentes gêneros, desde o rock ao funk ou do mpb ao reggae. Como você estrutura a sua identidade musical? E como funciona o seu processo criativo na hora de produzir uma nova track? 


Pitros: É engraçado que sou um cara muito eclético, mas é pq sempre fui misturado de muitas tribos. Cresci com meus primos fãs de rock, em casa com meus pais e tios ouvia samba e mpb, e com amigos e nas festas da cidade aqui ouvindo funk. E eu sempre gostei de festa então sou a favor da música que faz bagunça, acredito que todo estilo de som tem sua hora e público e local certo.

Acho que a estruturação da identidade musical não tem segredo. ao longo da produção a gente vai reparando timbres, coisas que a gente gosta de trabalhar melhor, reparando padrões, estética de mixagem e no caso tbm to bem adepto a fazer coisas mais minimalistas e com temas mais fortes.

Meu processo criativo é bem simples, gosto de produzir sempre partindo de um embrião (que seria a parada que vai gerar toda a música). Seja um vocal, um sample, uma composição, uma bateria vai ser o embrião que seria o elemento principal ali que vai ditar todo o tema da música. A partir daí começo a pensar em elementos que vão compor e que na minha cabeça combinam com o embrião. Por exemplo sempre que faço algo mais Gangsta ou funk preso por usar 808, às vezes um embrião que me remete américa latina abuso das percussões, e daí também pensar a mix para reforçar as prioridades e o tema, o calor da música, se quer tentar passar uma estética mais antiga mais hitech etc...


About DJs: A sua carreira como produtor é mais recente, tem apenas dois anos que você começou a produzir. Conta um pouco para a gente como foi o seu primeiro contato com a produção musical e como está sendo essa jornada.


Pitros: O primeiro contato foi horrível, o segundo também, o terceiro também e por aí vai kkkkkkk

Acho praticamente impossível alguém começar em algo já sendo bom. Pra mim que já era DJ à 5 anos acho que era pior ainda, pq eu tinha ótimas referências, uma pesquisa muito boa e sabia que tudo que eu tava fazendo era uma merda kkkkk pq simplesmente eu não tocaria minhas próprias músicas. Então bati muito a cabeça, até que o Salata falou: pô tem que desencanar que sua primeira música vai ser ruim a segunda também etc...mas que tinha que continuar fazendo a música do início ao fim para poder melhorar nas próximas... A partir desse momento eu pus uma meta semanal de 2 tracks arranjadas mixadas e masterizadas por semana (muitas horríveis) mas via que a cada uma que terminava eu diminuía a distância das minhas tracks para as tracks das minhas referências. Daí sei lá que na pandemia fiz umas 120 músicas do início ao fim de vários estilos também para poder pegar a técnica e a habilidade. Quando falei pô tá razoável, que comecei a dar mais atenção a ideia, fazer as coisas com mais calma e mais direcionado e pensado. Nesse período aprendi a amar produzir, hoje sinto produzindo praticamente a mesma sensação que sinto tocando, presença 100% sensação de flow e muita diversão. 


About DJs: Vamos falar um pouco dos desafios de atuar nessa área. Quais foram os principais percalços encontrados na sua carreira, tanto como DJ, quanto agora como produtor?


Pitros: Acho que o primeiro desafio é começar a ganhar dinheiro com a parada, demora muito para você entender como conseguir gerar o mínimo de valor ali pra ter um cachê como DJ pelo caminho que fiz começando tocando. 

E depois acho que o principal desafio é sempre fazer as escolhas, queria eu ter dinheiro infinito para poder ir em festa, investir em estudo, estúdio, carreira etc... Esse é o desafio que é mais recorrente que é saber dizer não, saber onde você precisa priorizar, onde você vai alocar seus recursos com foco no resultado que você busca e em como quer se posicionar no mercado.

De resto surgem muitos desafios, mas sendo honesto consigo mesmo e respeitando os seus sentimentos acho que são mais passageiros e fazem parte do processo e da sua formação artística também. 


About DJs: Não poderíamos deixar de perguntar sobre a sua nova faixa "Que Maravilha", pela Nervous. É um lançamento potente e bem criativo, que faz essa fusão do MPB, um gênero 100% brasileiro, com as batidas suntuosas do seu Tech House. Quais foram as referências para a criação dessa faixa e como foi o processo de produção? 


Pitros: Eu gosto de brincar que é um Produto 100% São - Joanense, pois o sample é do meu Tio de um samba local de 76 daqui da cidade. E a faixa foi feita toda no meu computador aqui na cidade também. O processo de produção veio de algo que tenho gostado muito de fazer que é recortar um sample e levar para uma outra direção, não soa como um remix. Tirei o violão onde fiz um loop principal e um vocal que achei que seria uma boa call para o drop. A partir daí fui construindo um groove mais quebrado que acho que tem a ver com samba, e muita percussão hahahahahaha sempre respeitando a estética do embrião. Na mix fiz ela mais abafadinha e suja com crackle de vinil para trazer uma pegada mais vintage também. 


About DJs: Para finalizar, quais são seus próximos passos? Quais sonhos você ainda busca realizar na sua carreira? Muito obrigada! 


Pitros: Estou focado agora em represar muitas músicas com qualidade alta e que eu acredito de verdade nos temas, para começar um planejamento mais sólido. Gostaria de no curto - médio prazo entrar em uma agência para me auxiliar na venda dos shows, que por enquanto eu realizo sozinho e demanda muito esforço acabo me dividindo muito por todas as tarefas. O maior sonho é continuar fazendo esse trabalho, continuar contente com o caminho que estou trilhando, ser feliz e influenciar pessoas positivamente. Os festivais, grandes clubs e as big labels vão ser felizes consequências que vão acontecer nesse caminho.


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