Publicado em: 03/10/2022

O artista carioca Marco Tracks tem buscado promover um equilíbrio interessante entre suas criações: ambiências, intensidades que vão além dos beats acelerados, ritmo e melodias ondulantes. Sua nova faixa batizada de "What Could've Been" materializa o desejo do artista de não necessariamente seguir padrões estilísticos e nem sempre entregar algo para pistas mais calorosas. Com um desejo de trazer reflexão e envolvimento, Marco trabalha melodias e ambiências de maneira exemplar, misturando referências pinçadas do House melódico, Breaks, Dub e Ambient.




Com um background cheio de vivências em tempos diferentes de pista de dança, especialmente, quando pensamos no entorno da cidade onde cresceu, ele totaliza duas décadas de bagagem musical e um ponto de vista que acompanhou ondas de transformação, concedendo a ele uma experiência e visão diferenciadas que são traduzidas em música. Com um catálogo musical em pleno desenvolvimento, o artista tem pavimentado seu caminho e suas personalidade musical. Conversamos com ele para entender mais sobre sua história, a mensagem sobre suas músicas e também os detalhes do novo single. Confira.


About DJs: Oi Marco, tudo bem? Obrigada por essa entrevista com a gente. Bom, gostaríamos que você, inicialmente, se apresentasse para os leitores. Quem é Marco Tracks e como a música eletrônica entrou para sua vida.


Marco Tracks: Sou nascido e criado no subúrbio do Rio de Janeiro. A música eletrônica entrou na minha vida já na infância. Tinha um primo mais velho que morava com a minha avó. E ele era aficionado por miami bass, que deu origem ao funk carioca, e tinha discos do Kraftwerk, provavelmente por causa de "Planet Rock", música do Afrika Bambaataa que sampleava Trans-Europe Express. Na época eu não tava ligado em nada disso, mas adorava ir pra casa da minha avó, porque além de todo aquele clima gostoso de "casa da vovó", eu ouvia umas músicas com uns bass nervosos e uns caras cantando "we are the robots" (risos). Acho que isso me influencia até hoje. Na adolescência, comecei a ouvir artistas como Chemical Brothers, Prodigy, Underworld, Goldie. A música eletrônica está comigo desde muito cedo.


About DJs: Você levou a discotecagem como hobby por longos anos, algo que foi muito comum e ainda é, já que assumir a carreira artística no Brasil é algo que sempre nos faz tremer na base (risos). O que te motivou a ir mais a fundo nessa ideia e transformar em profissão. Você está só com a música hoje? Li que você é jornalista de formação...


Marco Tracks: Comecei a tocar como DJ na faculdade de jornalismo da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), que foi o lugar onde minha cabeça se abriu pros mais diversos tipos de música. Tocava em festas da faculdade, festa de amigos, festas produzidas junto com amigos. Mas sempre mantive uma carreira de jornalista em paralelo. Aos poucos fui entendendo que me faltava alguma coisa. E que essa "coisa" era essencial pra mim, era fazer música, me expressar por meio de criações minhas. Em 2017, já com 15 anos de carreira como jornalista, comecei a estudar produção de música eletrônica, e foi um caminho sem volta. Em 2020, decidi passar um tempo me dedicando exclusivamente à música, mergulhando nos estudos, produzindo, voltando a tocar como DJ. E é o que tenho feito desde então. 


About DJs: Você viveu uma safra muito valiosa nos anos 90 com Chemical Brothers, Prodigy, Underworld, Daft Punk e Goldie e ainda Kraftwerk. Como você chegou nessas sonoridades? E como isso te moldou? Sendo carioca, aposto que existem outros estilos musicais envolvidos. O que mais vamos encontrar em sua bagagem musical?


Marco Tracks: Todos esses artistas me influenciaram muito. Minha experiência mais memorável com música foi ver Goldie e os DJs da Metalheadz ao vivo no extinto festival Free Jazz. O bass descomunal, os Mcs improvisando ao vivo, aquilo me marcou demais. E camadas de sintetizadores também me fascinam desde muito novo. Underworld, por exemplo, se você ouvir Born Slippy ou o disco Second Toughest in the Infants, tem uma combinação de batidas muito fortes com pads bonitos demais. Até hoje curto essa combinação. Beats, bass e texturas. 





About DJs: Aproveitando a pergunta acima, na sua biografia consta um gênero que me chamou atenção: o Miami Bass. Você viveu isso na íntegra no Rio? E o que você acha desse novo movimento que tem reacendido o gênero e tem promovido um intercâmbio entre os estilos da Dance Music.

Marco Tracks: Funk é música eletrônica. Cresci no subúrbio do Rio, ouvi miami bass, o estouro do funk nos anos 90, o funk baseado no volt mix e nas montagens, a mudança pro tamborzão, a aceleração pros 150 bpm. Sou favorável a misturas entre estilos, acho que isso impulsiona a música, gera novas possibilidades e ainda dá uma quebrada no preconceito, o que é fundamental. 

About DJs: Agora entrando na ala da produção musical. Desde quando você começou a produzir? E por que escolheu seguir pelas vias mais alternativas da música eletrônica?

Marco Tracks: Como falei, comecei em 2017, já ouvia muitos tipos de música diferentes, tinha muitas influências musicais. Preferi ir experimentando e formando aos poucos minha identidade sonora, em vez de escolher um estilo e seguir nele. É um caminho provavelmente mais difícil, mas é o que está me trazendo mais prazer em produzir. Tem muita coisa de house no meu som, mas também tem Uk garage, dub, ambient e outras influências. 


About DJs: Ao ouvir "What Could've Been" dá pra entender essa mescla de estilos e também esse escape das sonoridades de peak time. É uma faixa de ambiências, mais lenta. Qual a mensagem aqui? E como foi o processo criativo?

Marco Tracks: Essa faixa eu fiz totalmente sem pensar em estilo, as ideias foram fluindo. E foi provavelmente a música que eu produzi mais rapidamente. E desde o início eu gostei demais da ideia, ela reunia vários elementos que eu curto demais em música. Uma linha de baixo e uma percussão marcantes, melodias e ambiências bonitas, um clima viajante, um som que evoca imagens. São coisas que me fascinam na música e que estão nessa faixa. 





About DJs: Pensando mais amplamente, quais são os objetivos e valores que orbitam a persona artística Marco Tracks?


Marco Tracks: Sempre me fascinou o poder que a música tinha e tem de me despertar sentimentos e de me acompanhar nos mais diversos momentos da vida. Busco isso nas minhas produções. Quero fazer música que faça dançar, pensar, viajar...


About DJs: E os planos para o momento presente e para o futuro? Como estão? Obrigada!


Marco Tracks: Música e mais música. Ver meu som chegar a mais pessoas e ter o feedback delas, continuar lançando minhas faixas e fazer mais gigs como DJ. Obrigado pela entrevista!


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