Publicado em: 01/05/2022

Com uma carreira autodidata que se formatou primeiramente na produção, para depois chegar à discotecagem, Guterres lapidou-se até chegar a um estilo musical que tivesse ressonância com seu propósito. Suas produções são direcionadas às sonoridades mais minimalistas dentro do House, mas que também percorrem abordagens voltadas ao Tech, em sua versão mais vanguardista e adornadas por ambiências espaciais.

Suas músicas já percorreram o mundo em selos como o Whoyostro White (Ucrânia), Black Sea Side Music (Russia), Conceptual Records (Romênia), Totoyov (Brasil), Laguna Records (Brasil), entre outras. Além disso, é residente na Kematiky Records, The Bosh e Bioma Rec. Seu mais recente lançamento é a faixa  "0035" pela label londrina 12+1, integrando o VA Numbers Vol.8, ficou entre os 25 melhores releases do Beatport na categoria Minimal.


 

Conversamos com ele para conhecer mais sobre sua história e sobre os próximos passos na carreira após essa ótima conquista na plataforma mundial. Confiram!


About Dj's - Olá Guterres, tudo bem? Obrigado por esta entrevista. É a primeira vez que falaremos de você no portal, por isso, conte-nos um pouco sobre sua trajetória com a música de forma geral.


Guterres: Olá Paulo, tudo certo e contigo? Primeiramente, gostaria de agradecer a oportunidade, estou muito feliz de poder falar um pouco sobre minha carreira num portal tão importante pra cena. Bom, a música sempre esteve presente em minha vida, lembro que quando pequeno eu "roubava" os CD's do meu irmão pra ficar escutando escondido no quarto e, ficava trocando um por um, escutando e absorvendo todas aquelas sensações que a música nos proporciona e acredito que, ali foi o Start musical que me levou a querer conhecer cada vez mais dessa arte. 

A partir disso, na minha adolescência, um amigo que já era Dj na época me apresentou a track "Lift Me Up" da banda Sesto Sento e ali comecei a ingressar nesse mundo até então totalmente desconhecido pra mim. Depois disso, fui começando a frequentar mais festas, Raves, Clubs e aos poucos fui refinando meu gosto, em 2012, houve aquele auge do Deep House, onde aqui em Curitiba teve clássicos como "We Do It" do HNQO e "Where I Stand" do Fabo que também super influenciaram meu gosto e me mostraram um outro lado da música eletrônica, costumo dizer que a partir daquele ano, foi só ladeira abaixo, rsrs. Enfim, depois disso não parei mais de pesquisar e querer conhecer novos artistas e foi o que me trouxe a chegar até onde estou hoje. 



About Dj's - Sabemos que você começou a curtir Psy, Progressive Trance e aí o Deep House que bombou ali em 2012. Para muitos da nossa geração, a formação do gosto musical da Dance Music foi assim. Mas, como você percebeu que queria ir além do que só curtir?


Guterres: Então, existem alguns fatores que me levaram a querer ir além  do que só curtir as festas, mas só para contextualizar, um pouco antes de começar a conhecer a música eletrônica, eu me arrisquei a tentar fazer uma banda cover, juntei 4 amigos que gostavam de rock e tal e, começamos a fazer alguns ensaios até conseguir fazer um show. Bom, em pouco tempo nesse role, percebi o quanto era difícil depender de outras pessoas para poder fazer música, pois as vezes um tinha disponibilidade e o outro não, às vezes os horários não batiam, a dedicação de cada também não era condizente e, ali eu vi que era muito difícil aquilo dar certo.

Então eu já tinha essa vontade de fazer música, mas ainda não sabia como. Depois, quando conheci a música eletrônica, percebi que ali poderia ser a opção perfeita pra eu conseguir me expressar musicalmente, pois, só dependeria de mim. Bom, outro fator que me influenciou muito a querer fazer música, foi ver o HNQO e o FABO, explodirem daquela forma, produzindo sua própria música, ter artistas tão bons e tão próximos me inspirou e me deu a sensação de que era possível fazer algo legal também, e ali me interessei em querer aprender a produzir também e entender melhor esse mundo da produção musical. 



About Dj's - Você começou primeiro pela produção musical e aí, tempos depois, se desenvolveu como DJ. Essa ordem costuma ser inversa dentro do processo de desenvolvimento profissional, por que você acha que seguiu por esta linha?


Guterres: Ótima pergunta, então, um dos fatores pra eu ter ingressado nesse mundo pelo caminho inverso foi que na época, eu me interessava mais pelo estúdio do que pelas gig's, isso porque até então, não sabia como era a sensação de uma gig, de um long set e etc, e o meu sonho era me destacar pelas minhas produções, e não por ser dj. Outro fator determinante para ter ido por esse caminho, foi o dinheiro, rsrs, lembro que, na época eu queria muito fazer dois cursos na música eletrônica que eram o curso de produção e o de discotecagem, porém, eu só tinha condição financeira para um, então, tive que escolher entre um ou outro e achei mais vantajoso aprender a produzir antes do que discotecar. Hoje, acredito que se tivesse essa escolha novamente, faria o caminho mais natural, aprenderia a discotecar, entenderia a história da e-music e suas vertentes, pois acho que isso me facilitaria em muitos aspectos, como por exemplo, encontrar minha ID musical mais rapidamente. 


About Dj's - E como foi que você chegou no House e nessa abordagem minimalista contemporânea? Quais são os nomes (nacionais e internacionais) que te guiaram até isso?


Guterres: Bom, a uns 4 5 anos atrás, conheci um artista chamado "Chris Stussy", e achei animal os sets e as produções dele, pois tinha aquela característica feliz do house, com uma percussão mais pegada só que com características e elementos minimalistas, que na minha interpretação ficou mais interessante do que o House propriamente dito. A partir dele, comecei a pesquisar mais sobre o gênero e conhecer mais artistas como: Prunk, Toman, DJOKO, Rossi. entre outros, e também conheci alguns artistas BR que estavam começando a ir pra esse lado também, como: Alex Dittrich, Gabss, Bruno Bernades o próprio Gabriel Evoke. Enfim, aos poucos fui me apaixonando pela abordagem desse gênero novo que estava vindo e fui me envolvendo cada vez mais. Hoje, vejo que muito artista do Tech-House já adaptou suas produções para algo mais minimalista, um exemplo é o Sidney Charles, que hoje, suas produções estão voltadas muito mais pro "Minimal Deep-Tech" do que pro "Tech-House", enfim, acho que o gênero está se popularizando cada vez mais, e pra mim, o desafio agora é conseguir trazer algo diferente do que já está sendo feito. 



About Dj's - Sabemos que raramente artistas gostam de se rotular via gêneros musicais, tem algum outro estilo que te desperte curiosidade para produzir?


Guterres: Sim, realmente não gosto de me rotular, acredito que até minhas produções eu acabo variando bastante, mas, sempre busco trazer as características minimalistas. Em relação a pergunta sobre o estilo que desperta alguma curiosidade em mim, acredito que o BreakBeat, seria animal produzir e cairia como uma luva em meus sets e com certeza no futuro tenho interesse em fazer algo no estilo, outros gêneros que gosto bastante é Downtempo e Organic House, acho que no futuro também posso me dar essa liberdade de arriscar a fazer algo nessas linhas. 


About Dj's - Você já lançou em alguns selos gringos desde que começou. Sabemos que essa etapa é sempre turva para os artistas, mas que conquistá-la é um feito importante. Que dica você daria para quem está tentando uma assinatura internacional?


Guterres: Bom, se você busca lançar em alguma gravadora específica, e isso não se limita a gravadoras gringas não, qualquer label que tiver interesse, a dica que eu do, é entrar no soundcloud da label, escutar os lançamentos deles, entender a estética de som que aquela gravadora busca, buscar utilizar tracks de referência que possam te auxiliar a produzir sua track para eles, ver se tem quantidade mínima de tracks que tem que ser enviadas, enfim, são detalhes que às vezes deixamos de lado mas que com certeza fazem a diferença. Fazendo isso, e claro, você tendo confiança no seu trabalho, acredito que tenha 80% de chance de você conseguir lançar por qualquer label que desejar.


About Dj's - Conte-nos um pouco sobre a faixa "0035" e o processo criativo dela. Você esperava que o VA conquistasse a posição que pegou no chart do Beatport?


Guterres: Bom, a track 0035 eu tinha feito no início deste ano, e nela busquei trazer uma abordagem diferente do que está sendo produzido no "Minimal Deep-Tech" ultimamente,  mas claro, sem perder minha identidade. Na track, utilizei algumas ambiências mais espaciais, com elementos em progressão em segundo plano, e um synth mais "rasgado" trabalhando bem o Cutoff, fazendo a gente ter a sensação de envolvimento durante a track. Acho legal dizer que, o dono da label 12+1 London, que se chama Unai Villanueva me convidou a participar do V.A, após ele ver o suporte que recebi do duo romeno "Soundopamine", nisso ele me pediu algumas demos, onde ele acabou gostando dessa faixa. Quando ele me mostrou as outras tracks do V.A, tive a certeza que teria um ótimo resultado no Beatport, pois o V.A estava bem sólido, todas as tracks de alta qualidade, todos os artistas com suas características e identidade próprias, e todas conversando super bem, não tive dúvidas que teria um resultado legal. 



About Dj's - E os próximos passos? O que você vai buscar daqui pra frente? Alguma novidade? Obrigada!


Bom, em breve, trarei um podcast novo por um canal super legal brazuca, onde vou fazer um set mais voltado ao Minimal Techno e meus próximos objetivos são: produzir um EP, buscar estudar mais sobre mix e master, evoluir como artista, pessoa e acho que é isso. Enfim, mais uma vez agradeço a oportunidade e espero que seja a primeira de muitas. Até mais galera! 


Guterres está no Instagram.

Próximos eventos

Siga-nos
no Instagram

@aboutdjs.br