Publicado em: 03/03/2023
Fernando Guimarães ou apenas NeoClassic, assume o projeto inspirado no movimento artístico neoclassicismo, o qual teve como objetivo principal resgatar os valores estéticos e culturais das civilizações da Antiguidade Clássica, propriamente Grécia e Roma.
Os princípios da moderação, equilíbrio e idealismo funcionam como uma espécie de reação contrária em relação aos excessos na arte e cultura.
O projeto NeoClassic, abraça desde o gênero Organic House e caminha pelo House e Techno melódico, vem trabalhando para riqueza e diversidade musical.
A visão do projeto NeoClassic está vinculada em estimular a percepção sensorial e motora com apresentações, produção musical, sets em áudio e vídeo, consolidando o propósito de sua missão, com grooves marcantes, percussões, notas atmosféricas, introspectivas e melódicas.
Com sensações para além da pista de dança, NeoClassic vem criando conexões e histórias incríveis, além de despertar e fortalecer sentimentos através da música.
Confira nosso bate papo com Fernando falando sobre o projeto:
About Dj’s: Olá Neo, primeiramente agradecemos a oportunidade pelo bate papo! Iniciando... Gostaríamos de saber como foi seu envolvimento com a arte musical de uma forma geral e quando você começou a produzir?
NeoClassic: Eu que me sinto honrado pela oportunidade que me concederam. Uma pergunta aparentemente fácil de responder, mas que, no meu caso, envolve uma série de experiências vividas ao longo da minha existência. Mas, como uma participação mais ativa no envolvimento com a arte musical foi a partir da minha primeira participação em uma festa eletrônica aqui em Curitiba, lá no início da Usina 5, a KUBIK, em dezembro de 2017.
Pela primeira vez, senti forte o impacto da música eletrônica na pista e no meu modo de percepção a sentir essa energia. Foi contagiante. Até essa “virada de chave” meu contato com a música eletrônica era restrito à vertente do lounge, House Music.
Não tinha pensado em DJ ou produtor, comecei a estudar a discotecagem e os fundamentos da música eletrônica, mais no sentido de adquirir conhecimento, pois quando um assunto me fascina, gosto de aprender um pouco sobre vários aspectos envolvidos. Após a conclusão do curso básico da discotecagem passei a estudar e treinar. E essa trilha passou naturalmente a evoluir e muitas coisas foram acontecendo e me conduzindo ao estágio atual – que sei, tenho muito ainda a aprender. Afinal, a vida é um eterno aprendizado.
Nesse aprendizado, onde procuro, as vezes até intuitivamente, trazer as influências musicais que vivenciei, optei por me dedicar e apreender por etapas, primeiro as técnicas de discotecagem, depois a pesquisa musical e desenvolvimento de sets, e atualmente a fase de produção musical.
Com o tempo limitado para prática e treinamento, em razão de minhas obrigações profissionais, apenas em meados de 2022 é que passei a estudar e praticar mais a produção musical, que é um universo incrível.
About Dj’s: Uma pergunta que pode parecer clichê, mas se faz necessário, pois diz muito da personalidade do artista. Qual (ou quais) artista(s) poderia destacar como referência musical e produção?
NeoClassic: Pode parecer, mas não é clichê. Muito pelo contrário, entendo como pergunta necessária, já que, somos o que aprendemos e vivenciamos ao longo tempo. E as referências de toda ordem são de extrema importância. São muitos artistas que admiro e que, de alguma forma, foram ou são fortes referências. Difícil nominar todos. Vou fazer um corte de tempo nessa análise, para contextualizar alguns exemplos nesse momento de meu aprendizado musical: Hernan Cattaneo, Zac, Solomun, Colyn, Boris Brechja, Volen Sentir, Armen Miran, Stan Kolev, Bodzian, Lee Burridge, Innellea, Tale of Us, Space Motion, Matan Caspi, Gorje Hewek. Enfim, a lista segue e, como visto, são artistas e produtores de vários gêneros.
About Dj’s: Você é uma pessoa que acompanha o desenvolvimento da música eletrônica, como você foi moldando as suas ideias para a criação do projeto?
NeoClassic: Sempre gostei de música e dos sentimentos que ela gera, mas sempre de uma perspectiva mais passiva, de apreciador da arte. Em uma live me perguntaram qual foi a minha primeira influência musical e a resposta veio rapidamente: o movimento da Jovem Guarda e por aí percorri vários movimentos musicais, desde os filmes musicais ainda em preto e brando [risos], seguindo um caminho bem eclético transitando pela Black Music, R & B, Soul Music, Disco Music, Rock & Roll, Rock em todas as suas vertentes, Reggae, MPB, dentre outras. Mas o que sempre marcou essa minha marcha eclética, foi a preponderância do ritmo forte e dançante, o groove, mas sem perder as notas melódicas e intimistas que equilibram o meu sentir.
Claro que essas influências bem ecléticas encontram, em sua grande maioria, raízes clássicas, no sentido de pertencerem a movimentos musicais de certa forma antigos, uns ainda com fortes influências contemporâneas, outros como simples origens.
Identifiquei na formação do meu projeto que essas influências estavam permeando a minha identidade musical e me lembrei do neoclassicismo. E junto com isso a minha idade quando comecei a me envolver artisticamente com a música eletrônica, ou seja, mais de 60 anos. Eu posso dizer que não sou velho, sou apenas neoclássico [risos].
About Dj’s: Sabemos que o ano de 2022 foi um ano de estreias. Uma delas no Warung Beach, e ao final do ano, sua apresentação no Universo Paralello na Bahia. Com certeza esses momentos geraram boas histórias e novas descobertas. Compartilha com a gente!
NeoClassic: Eu não canso de falar que a vida tem sido bem generosa comigo e, esses dois eventos que mencionou, representam muito na minha vida. Nunca imaginei, embora fossem objetivos do projeto, que fossem acontecer já em 2022. Fazer a minha estreia no Warung, na última temporada do Garden Stage antigo e ainda me apresentar também em 2022 no novo Garden foram momentos eternos. São muitas histórias e descobertas que caberia uma entrevista só com esses momentos. Mas acredito que a principal descoberta é o carinho que o Warung como um todo te recebe, todos sem exceção. É algo emocionante. E descobrir como o público e a pista recepcionam o teu trabalho, a energia que devolvem para o artista que está na cabine, é uma sensação única, singular. É a manifestação da exigência musical combinada com a retribuição de um objetivo alcançado.
No Universo Paralello, a grande descoberta – nem falo descoberta, mas uma reafirmação de como a música e as manifestações culturais podem influenciar o seu aprendizado como artista e ser humano – foi a manifestação individual e coletiva da diversidade, igualdade, solidariedade, do compartilhamento de emoções e sentimentos. Foi também um grande desafio artístico para o meu projeto, já que pelo line que me antecedia, o horário do set e para a identidade dos artistas que me seguiriam, pegaria a pista com uma pegada mais techno e entregaria para o início do dia com uma linha mais melodic house, tech house e house. Acredito que cumpri meu desafio. Mas o que destacou foi como a pista pode contribuir com o DJ em superar os desafios e cumprir seus objetivos. Foi um destaque essa incrível interação.
About Dj’s: Como você planeja os próximos passos do projeto? Poderia nos adiantar alguma novidade?
NeoClassic: São vários objetivos que pretendo realizar. Um lançamento de um EP em collab com o Dj Masaaki já em fase de produção. Lançar duas tracks conceituais em fase de planejamento. E alguns remixes também estão em meus planos para 2023. Além disso, pretendo retornar ao lançamento de vídeos sets conceituais, saindo um pouco da minha zona de conforto absoluto. Pretendo buscar espaço em alguns festivais nacionais e internacionais – mas aqui são objetivos e não projetos já iniciados. E claro, buscar dividir lines com artistas consagrados, como já participei com o Zac, Shai-T, Facundo Mohrr, Massano, Township Rebellion, Binaryh.
Um dos spoilers que poderia antecipar e que já está anunciado é o meu retorno ao Amazon Club e dividir o line com a incrível Giorgia Angiuli.
About Dj’s: Para encerrar, o que música represente para você?
NeoClassic: Um presente que a vida me deu, ao despertar um dom que eu achava que não tinha: musicalidade! É o reconhecer dentro de você uma manifestação de sentimentos e exteriorizar através do seu trabalho, transmitindo quem você é, sente e deseja dividir com seu público. Representa, assim, a minha plenitude; me sinto pleno, desnudo e intenso. Representa também o caminho de poder, de alguma forma, fazer a diferença na vida ou no momento de alguém, com essa troca mágica de energia.