A identificação de um produtor que carrega em sua música parte da construção de sua memória musical pode ser distinguida por diversos elementos. Poderíamos afirmar que é aquele indivíduo que contempla o passado com reverência, mantendo-se ligado às lembranças que o constituíram. Com essa bagagem, ele encara o presente sob uma perspectiva histórica, consciente do caminho a seguir. É dessa forma que ele compreende sua identidade, seus gostos e a sonoridade que o atrai. Existe a presença de nostalgia e uma interpretação das emoções em cada melodia. Ele também se mostra capaz de incorporar essas influências de maneiras diversas, desmistificando a sua apresentação.

Portto, DJ e produtor, é um artista que valoriza suas múltiplas referências musicais, fazendo delas um leque para expandir seu eu  criativo. As suas influências remontam às lembranças afetivas da infância, período no qual teve contato e desenvolveu familiaridade com um gosto eclético, assim como o que foi formado ao longo de todas as suas fases musicais. Essas influências incluem um mix de gêneros brasileiros, africanos e europeus, além de samples e edições que evocam sentimentos contrastantes e originais.

Em seu mais recente lançamento, um edit de "Indie Rokkers" da banda MGMT, Portto reforça sua rica diversidade de background musical. Sim, é possível transformar um indie rock e neo-psicodélico em uma música dançante, mesclando elementos do House e Eurodance, e é exatamente isso que ele nos mostra de maneira envolvente. A sonoridade é clara, retro, crescente e marcante. Os efeitos distorcidos transformam a voz de Andrew VanWyngarden em um verdadeiro manifesto. Talvez até mais "rock n roll" do que a versão original.

Acompanhe o artista no Instagram e escute o edit: